O Machismo e as Emoções

Hoje venho falar-vos da influência do machismo e dos papéis de género no bem-estar psicológico de homens e mulheres.

Ora, quando nascemos todos nós vimos equipados com emoções. Todos nós vimos capacitados para sentir alegria, tristeza, medo, nojo, e raiva.

No entanto, ao longo da nossa vida, a sociedade condiciona-nos e priva-nos de sentir.

A sociedade, assente em princípios machistas, diz-nos que os homens não choram, não devem mostrar fraqueza, não devem sentir medo. E que também é estranho se forem demasiado efusivos em demonstrar felicidade. Os homens não choram, mesmo que as lágrimas sejam de alegria.

Já as mulheres não devem manifestar nojo, sob pena de serem categorizadas como “esquisitinhas” ou “com a mania que é boa”. Também não devem manifestar raiva, pois alguém lhes perguntará se estão menstruadas. É esperado que uma mulher aceite tudo com um sorriso.

E assim esta sociedade consegue uma mão cheia de adultos incapazes de identificar e expressar emoções adequadamente, retraídos, que duvidam da adequação dos seus comportamentos, mas não se podem mostrar vulneráveis.

Que se irritam com eles próprios quando consideram que deviam ter sido mais fortes, frios, insensíveis.

E esses adultos olham para o acompanhamento psicológico como algo que não é para eles. Rotulam a psicologia como algo que é para “malucos” ou para “fracos”. Sem perceberem que a fraqueza é uma demonstração de coragem.

Sem perceberem também que os homens choram e têm medo, e as mulheres enojam-se e irritam-se. E nada tem que ver com hormonas ou orientação sexual (um tópico por si só), mas sim com respostas naturais às situações que vivem.

É natural sentir.

É natural pedir ajuda.

É natural falar sobre isto. Com um amigo, familiar, ou profissional. Fale.